Os convidados desculpam-se, embora o Reino não esteja fechado a ninguém que não se exclua a si próprio […]. Na sua bondade, o Senhor convida todos; só a nossa cobardia ou a nossa loucura nos afastam dele. Aqueles que preferem comprar um campo não têm lugar no Reino: no tempo de Noé, compradores e vendedores foram engolidos pelo dilúvio (cf Lc 17,26-28) […]; o mesmo acontecerá a quem se desculpa porque acabou de se casar, pois está escrito: «Se alguém vier ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, nãoLeia mais →

O Verbo sacode o preguiçoso e desperta o adormecido. Com efeito, Aquele que vem bater à porta deseja entrar. Só depende de nós permitir que Ele entre ou permaneça do lado de fora, que Ele fique ou se retire. Mantém tua porta aberta Àquele que vem; abre tua alma, alarga as capacidades do teu espírito, para descobrires a riqueza da simplicidade, o tesouro da paz, a doçura da graça. Dilata o teu coração; corre ao encontro do Sol da luz eterna, que «ilumina todo homem» (Jo 1,9). A luz verdadeira resplandece para todos; mas quem fecha as janelas da alma priva-se da luz eterna. Portanto,Leia mais →

Porque terá Cristo morrido, senão porque tinha de ressuscitar? Com efeito, uma vez que Deus não podia morrer, a Sabedoria não podia morrer, e o que não pode morrer não pode ressuscitar. Por isso, Ele assumiu uma carne capaz de morrer, para que essa morte, que é própria da carne, Lhe desse oportunidade de ressuscitar. Assim, a ressurreição só podia ter lugar através de um homem, «pois se por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos» (1Cor 15,21). O homem ressuscitou porque foi o homem que morreu. O homem ressuscitou, mas foi Deus que O ressuscitou. Ele eraLeia mais →

«Faz-te ao largo» quer dizer: avança para o mar alto dos debates. Haverá profundidade comparável aos «abismos da riqueza, da sabedoria e da ciência do Filho de Deus» (Rom 11,33), à proclamação da sua filiação divina? […] A Igreja é conduzida por Pedro para o mar alto do testemunho, para contemplar o Filho de Deus ressuscitado e o Espírito Santo derramado. O que são estas redes de apóstolo que Cristo nos manda lançar? Não serão o encadeado das palavras, as voltas do discurso, a profundidade dos argumentos, que não deixam escapar aqueles que são agarrados? Estes instrumentos de pesca dos apóstolos não matam a presa,Leia mais →

Quando Cristo reconciliou o mundo com Deus, não tinha evidentemente necessidade de reconciliação para Si; de facto, por que pecados deveria apaziguar a Deus, se não tinha cometido pecado algum? Por isso, quando os judeus Lhe exigiram a didracma requerida pela Lei, Jesus disse a Pedro: «Simão, que te parece? De quem recebem os reis da terra impostos ou tributos? Dos filhos ou dos estranhos?». Pedro respondeu: «Dos estrangeiros». Jesus disse-lhe: «Então os filhos estão isentos. Mas, para não os escandalizarmos, vai ao mar e deita o anzol. Apanha o primeiro peixe que morder a isca, abre-lhe a boca e encontrarás um estáter. Pega neleLeia mais →

Ao ver que levavam o bispo Sixto para o martírio, São Lourenço pôs-se a chorar. Não era o sofrimento do seu bispo que lhe arrancava lágrimas, mas o facto de não o acompanhar no martírio. Por isso, interpelou-o nestes termos: «Aonde vais, meu pai, sem o teu filho? Para ondes corres, padre santo, sem este teu diácono? Tinhas por hábito nunca oferecer o sacrifício sem ministro! […] Dá, pois, uma prova de que escolheste um bom diácono, a quem confiaste o ministério do sangue do Senhor, com quem partilhas os sacramentos; recusar-te-ás a comungar com ele no sacrifício do sangue?» […] O Papa Sixto respondeuLeia mais →

Recolhe a água de Cristo, a água que louva o Senhor. Recolhe a água que vem de várias fontes, a água que chove das nuvens dos profetas. Quem recolhe em si mesmo a água dos montes, ou tira água das fontes, começa a derramá-la como as nuvens. Enche o teu coração e a tua mente com esta água, para que a tua terra se torne húmida, irrigada pelas suas próprias fontes. Ora, é lendo inteligentemente que enchemos o nosso espírito; e quem está cheio pode irrigar os outros. É neste sentido que a Escritura diz: «Quando as nuvens estão carregadas, derramam chuva sobre a terra»Leia mais →

O que é o jejum, senão a essência e a imagem do Céu? O jejum é o conforto da alma e o alimento do espírito. O jejum é a vida dos anjos; o jejum é a morte do pecado, a destruição dos erros, o remédio da salvação, a raiz da graça, o fundamento da castidade. Por esta escada, chegamos mais depressa a Deus. Elias subiu por esta escada antes de subir no carro; e, ao partir para o Céu, deixou ao seu discípulo essa herança de sobriedade e abstinência (cf 2Rs 2,11-15). Foi com a força e o espírito de Elias que João veio (cfLeia mais →

Que chorem os que não têm a esperança da ressurreição; não é a vontade de Deus que lhes tira essa esperança, mas a dureza daquilo em que acreditam. Tem de haver uma diferença entre os servos de Cristo e os pagãos. E essa diferença é a seguinte: estes choram os seus julgando-os mortos para sempre; desse modo, não conseguem pôr fim às suas lágrimas, não encontram descanso para a tristeza. […] Mas para nós, servos de Deus, a morte não é o fim da existência, mas apenas o fim da nossa vida. Dado que a nossa existência será restaurada por uma condição melhor, que aLeia mais →

«O Senhor apareceu a Abraão junto dos carvalhos de Mambré, quando ele estava sentado à porta da sua tenda, durante as horas quentes do dia» (Gn 18,1). Enquanto os outros repousavam, Abraão aguardava a chegada de eventuais hóspedes. Bem merecia, portanto, que Deus viesse ter com ele junto aos carvalhos de Mambré, visto que procurava exercer a hospitalidade com tanta prontidão. […] Sim, a hospitalidade é boa e tem a sua própria recompensa: atrai a gratidão dos homens e — mais importante ainda — merece um salário da parte de Deus. Todos somos, nesta terra de exílio, hóspedes de passagem. Durante algum tempo podemos alojar-nosLeia mais →