O fariseu dizia: «Meu Deus, dou graças a Ti por não ser como os outros homens». Quem são os outros homens? Não seriam todos, exceto ele? «Eu sou justo; os outros são pecadores. Eu não sou como os demais, que são injustos, ladrões e adúlteros». E eis que a simples presença de um publicano ao seu lado lhe dá ainda mais ocasião de se envaidecer. «Eu sou diferente; ele é como os outros. Eu não sou da mesma espécie, não sou pecador, pois pratico muitas obras justas: jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que possuo». O que este homemLeia mais →

O céu e a terra e tudo o que neles existe de toda a parte me dizem que Te ame, e não cessam de o dizer a todos os homens, para que não tenham desculpa (cf Rm 1,20). Mas, a um nível mais profundo, terás misericórdia de quem quiseres ter misericórdia e usarás de misericórdia com quem quiseres usar de misericórdia (cf Rm 9,15), pois, caso contrário, o céu e a terra cantarão os teus louvores a ouvidos surdos. […] Disse a todos os seres que rodeiam as portas da minha carne: «Falai-me do meu Deus, já que vós não o sois, dizei-me algo sobreLeia mais →

São João escreve: «Nós vimo-lo e disso damos testemunho» (1Jo 1,2). Onde O viram eles? Na sua manifestação. Como foi a sua manifestação? Foi debaixo do Sol, ou seja, a esta luz visível. Mas poderíamos nós ver quem fez o Sol à luz do mesmo Sol se Ele não tivesse feito lá no alto, «uma tenda para o sol; é dali que ele sai, como um noivo do seu tálamo, e, qual herói, percorre alegre o seu caminho» (Sl 19,6)? Verdadeiro Criador, Ele é anterior ao Sol, precedeu a estrela da manhã, todos os astros e todos os anjos, porque «por meio dele todas asLeia mais →

Se queres amar a Cristo, alarga o teu amor ao mundo inteiro, pois os membros de Cristo estão estendidos por todo o mundo. Se amares apenas uma parte deles, estarás separado; se estiveres separado, não estarás no corpo; e, se não estiveres no corpo, não estarás sujeito à cabeça. De que serve crer e blasfemar? Adorá-lo na cabeça e blasfemar no corpo? Pois Ele ama o seu corpo; e, mesmo que tu te separes do seu corpo, a cabeça não se separará dele, e gritar-te-á do Céu: é em vão que me honras, é em vão que me honras. Como se alguém quisesse beijar-te oLeia mais →

«Estava próxima a festa dos Tabernáculos. Disseram-Lhe, então, os seus irmãos: “Vai para a Judeia, para que os teus discípulos vejam as obras que fazes”. […] Jesus disse-lhes: “Para Mim, ainda não chegou o momento oportuno; mas para vós qualquer tempo é bom”» (Jo 7,2-6). […] Jesus responde assim aos que O aconselhavam a procurar a glória: «O tempo da minha glorificação ainda não chegou». Vejamos a profundidade deste pensamento: incitam-no a procurar a glória, mas Ele quer que a humilhação preceda a exaltação; quer que seja a humildade a abrir caminho à glória. Os discípulos que queriam sentar-se um à sua direita e oLeia mais →

Quando foi que o Senhor quis dar-Se a conhecer? «Ao partir o pão». Podemos ter a certeza de que, quando partimos o pão, reconhecemos o Senhor. Ele só quis ser reconhecido naquele momento por nossa causa, porque não já O veríamos em carne e osso, mas comeríamos a sua carne. Sejas quem fores, crente que não usas o nome de cristão em vão e que não vais à igreja por nada, tu, que escutas com temor e esperança a palavra de Deus, o teu conforto está na partilha do pão. A ausência do Senhor não é uma ausência. Crê somente, e Aquele que não vêsLeia mais →

Governar o Universo é certamente um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães. E, contudo, aquilo não espanta ninguém, mas as pessoas espantam-se diante de um milagre de menor importância, porque sai do habitual. Com efeito, quem sustenta todo o Universo, senão Aquele que, com algumas sementes, cria searas inteiras? Cristo fez o mesmo que Deus faz: usando o seu poder de multiplicar as searas a partir de uns quantos grãos, multiplicou cinco pães; porque tinha poder para tal, e porque esses cinco pães eram como sementes, que o Criador da terra multiplicou mesmo sem as lançar à terra. […] EstaLeia mais →

Senhor meu Deus, luz dos cegos e força dos fracos, mas também luz dos que veem e força dos fortes, escuta a a minha alma, ouve-a gritar do fundo do abismo (cf Sl 192,1). Pois se Tu não nos escutares do fundo do abismo, aonde iremos? A quem dirigiremos os nossos apelos? «Teu é o dia, tua é também a noite» (Sl 73,16). A um sinal teu, todos os instantes desaparecem. Dá aos nossos pensamentos o tempo necessário para investigarem os recessos profundos da tua lei e não feches a porta àqueles que batem (cf Mt 7,7). Com razão quiseste que se escrevessem tantas páginasLeia mais →

Na leitura do Evangelho, ouvimos Jesus louvar a nossa fé, associada à humildade. Quando prometeu ir a casa do centurião curar-lhe o servo, este respondeu: «Não mereço que entres em minha casa […]. Mas diz uma palavra e o meu servo será curado». Ao considerar-se indigno, revela-se digno – digno de que Cristo entre não só em sua casa, mas também no seu coração. […] Pois não teria sido para ele grande alegria se o Senhor Jesus tivesse entrado em sua casa sem entrar no seu coração. Com efeito, Cristo, Mestre de humildade pelo seu exemplo e pelas suas palavras, sentou-Se à mesa em casaLeia mais →

«Cantarei ao Senhor enquanto viver» (Sl 103,33). O que cantará o salmista? Cantará tudo aquilo que Deus é. Cantemos a glória do Senhor durante toda a nossa vida. A nossa vida atual mais não é que uma esperança; a nossa vida futura será a eternidade. A vida desta vida mortal é a esperança da vida imortal: «Cantarei ao Senhor enquanto viver; louvarei o meu Deus enquanto existir». E, porque viverei nele sem fim, enquanto viver cantarei ao meu Deus. Não pensemos que, quando tivermos começado a cantar ao Senhor na cidade do Céu, quereremos fazer outra coisa; nessa altura, toda a nossa vida consistirá emLeia mais →