A busca da felicidade

«Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados»: não se trata das lágrimas derramadas pelos que morreram segundo a lei comum da natureza, mas daqueles que choram por causa dos seus pecados e vícios. […]

«Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça»: não basta desejar a justiça; é preciso ter fome dela. Isso significa que nunca somos justos o bastante, mas devemos sempre nutrir fome pelas obras de justiça.

«Bem-aventurados os misericordiosos»: a misericórdia não se limita às esmolas, mas se manifesta também diante dos pecados de nossos irmãos, quando carregamos os fardos uns dos outros.

«Bem-aventurados os puros de coração»: isto é, aqueles que não abrigam culpa na consciência, pois Aquele que é puro Se revela aos corações puros. O templo de Deus não pode ser profanado.

«Bem-aventurados os que promovem a paz»: isto é, aqueles que fazem reinar a paz primeiro em seu coração e, depois, entre os irmãos divididos; porque de nada vale estabelecer paz entre os outros se, dentro de nós, reina uma guerra de vícios.

«Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça»: está dito que é por amor da justiça; pois há muitos que padecem perseguições por causa dos próprios pecados, e não por serem justos.

«Bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós»: a maldição que deve ser desprezada, e que nos torna bem-aventurados, é aquela proferida falsamente pela boca de quem amaldiçoa […]. Se Cristo está em causa, então devemos até desejar tal maldição.

«Alegrai-vos e exultai». Não sei quem consegue ver sua reputação destruída pela calúnia e, ainda assim, alegrar-se no Senhor; quem busca a glória vã certamente não o conseguirá. Alegremo-nos, pois, e exultemos, para que nos seja preparada uma recompensa nos Céus.

São Jerônimo (347-420)
Comentário sobre Mateus 5, 5-12, SC 242
Fonte: Evangelho Cotidiano

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